Como ir à Cuba: Pacote Turístico x Viagem Independente?

Cuba é um dos países que fazia parte da minha bucket list. Mas eu não estava pensando em ir pra lá por agora e nem planejando nada! Mas eis que um amigo, dono de uma agência de viagens, surgiu com uma proposta praticamente irrecusável para viajarmos à Cuba.

Convite pra viajar é uma coisa que eu tenho muita dificuldade de recusar.. rs. Mas, quem me conhece sabe que eu não curto pacotes turísticos, turismo de massa e afins. Faço um estilo mais mochileiro! Aí pensei que poderia ir de forma independente e encontrar com esse meu amigo lá, como fiz quando fomos para a Costa Rica. Ele foi pela agência dele e eu planejei minha própria viagem, que ficou bem mais em conta e até mais interessante que a dele, diga-se de passagem!

Então comecei a pesquisar sobre Cuba e percebi que o preço a ser pago por todo o pacote (aéreo + 3 dias num dos principais hotéis de Havana com city tour e 3 dias num resort all incluse em Varadero + transfers in/ou aeroporto e entre as 2 cidades + “visto” de turista e seguro saúde) estava saindo por praticamente o mesmo preço da passagem aérea somente. Aí dei o braço a torcer e resolvi encarar, pela primeira vez, o esquemão “empacotado”.

Só que dei um jeitinho de dar uma melhoradinha no pacote, adiei o voo de volta e encaixei mais 3 dias na ilhota de Cayo Largo. Dessa vez, fiz tudo por conta própria, como gosto! Assim, junto com minha amiga paulista Maira, do blog Galera do Mar, fui conhecer a "terra de Fidel". E meu amigo que teve a idéia e botou pilha pra eu ir, acabou tendo que cancelar a viagem!

Meu roteiro de viagem ficou assim:

11/05  Belo Horizonte ==> Havana

12/05  Havana

13/05  Havana

14/05  Havana ==> Varadero

15/05  Varadero

16/05  Varadero

17/05  Varadero ==> Cayo Largo

18/05  Cayo Largo

19/05  Cayo Largo ==> Havana

20/05  Havana ==> Belo Horizonte

Nosso roteiro de viagem em Cuba

Bom, mas aí vem a pergunta que não quer calar:

Eu gostei da experiência de viajar de pacote? Mais ou menos...

Mas... vale a pena ir de pacote à Cuba? Depende...

Explico:

Geralmente os pacotes só cobrem as cidades principais, o que não atende aos que pretendem conhecer outras cidades menos turísticas do interior da ilha.

Mas pros que querem conhecer apenas as cidades pólo, não se preocupar com burocracias de visto, seguro, transfers e procurar hospedagem é bem cômodo! Muitos reclamam da dificuldade em conseguir informação a respeito de Cuba. Pode não ser assim tão fácil, concordo! Mas procurando com calma e boa vontade dá pra achar bastante coisa.

Eu adoro planejar viagens. Passo dias pesquisando, montando roteiros, procurando dicas do que fazer (e não fazer também), de restaurantes, bares, hospedagem e etc. Pra mim é uma diversão e um prazer, apesar de extremamente trabalhoso. Mas tem gente que odeia fazer isso, acha chato, cansativo, arriscado e prefere pagar a mais pra não ter esse trabalho. Então viajar de pacote é a melhor solução, mesmo saindo, quase sempre, bem mais caro.

Como estava planejando outras viagens mais "complicadas" ao mesmo tempo, eu desencanei total de Cuba (já que era pacote, né?) e acabei não pesquisando muito sobre o país. Pelo menos, não tanto quanto eu gostaria!

Aí no 1º dia em Havana me senti meio perdida, sem saber direito aonde ir ou o que fazer e sem poder acessar a internet pra pesquisar algo. Não existe internet em Cuba, lembram? Quer dizer, existir até existe, mas só em pouquíssimos lugares e é absurdamente cara. Então saímos andando meio sem rumo pela cidade e fomos encontrando pessoas e lugares que nos levaram a outros lugares e outras pessoas... e foi ótimo!

A parte ruim foi que deixamos de conhecer muita coisa que parecia ser legal. Tudo bem que apenas 3 dias em Havana não são suficientes pra conhecer tudo, principalmente pra quem não gosta de visitar os lugares correndo como eu, só pra dizer que esteve lá. Mas, acredito que poderia ter aproveitando melhor se tivesse planejado a viagem. Enfim...

Mas vamos lá, algumas coisas do esquema pacotão me irritaram. Como por exemplo, o city tour que estava incluso no pacote. Olhar tudo pela janela (fechada) de um ônibus não é nada legal. Pior que isso é só aquele lance de fixar um tempo, que nunca é o suficiente, pra você “conhecer” determinados lugares e (tentar) tirar fotos. Como tirar fotos bacanas de um lugar lotado de pessoas querendo tirar as mesmas fotos que você ainda aparecer nelas? Tarefa quase impossível! Pra conseguir um pouco mais de paz, e boas fotos, eu procurava me afastar um pouco do grupo, só que aí acabava perdendo a explicação do guia, que geralmente é a parte que vale a pena em um city tour.

Conhecer os lugres pela janela de um ônibus, não tem graça

Explicações do guia ao grupo antes de decretar 15 minutos pra "explorar" o lugar

Em Havana, uma ótima opção pra quem tem pouco tempo e pouco paciência pra cities tours desse tipo é o Havana Bus Tour, um ônibus de 2 andares e aberto que percorre os principais pontos turísticos e do qual você pode descer em qualquer lugar, quantas vezes quiser, e ficar o tempo que achar necessário em cada lugar! (Saiba um pocuo mais sobre ele no Guia Prático de Cuba).

Outra coisa que não achei legal foi o hotel que ficamos em Havana, o Habana Libre. Não que ele seja ruim, está longe disso. Mas não gostei! Ter que enfrentar fila pra pegar elevador, esperar mesa vagar e trombar nas pessoas durante o café da manhã é, no mínimo, chato! Gosto de lugares menores e com mais personalidade, onde o staff é amigável, conversa com você, te orienta, dá dicas, essas coisas. Sem falar que 92% dos hóspedes fazia parte de alguma excursão da terceira idade! Definitivamente, nada a ver comigo.

Pra saber mais sobre o hotel e também sobre a casa de família que eu fiquei em Havana, leia o post sobre hospedagem em Havana.

Em Varadero o sentimento de estranheza era parecido. Lógico que eu curti as mordomias de um resort all incluse. Fiquei hospedada no Hotel Sol Palmeras. Mas ficar o dia todo de pernas pro ar na mesma praia e/ou piscina cansa! Isso é programa pra um só dia e olhe lá. Eu não sou do tipo que paga (caro) pra ficar à toa ou descansando. Isso eu faço em casa! Gosto de explorar os lugares.

Veja outras opções de hospedagem em Varadero

Passar algumas assim é ótimo! Agora, passar vários dias desse mesmo jeito, cansa!!

Assim, no segundo dia, pegamos o Varadero Beach Tour (no mesmo esquema do ônibus de Havana), e passamos o dia inteirinho rodando, descemos em praticamente todas as paradas do ônibus. Achei Varadero uma graça e acredito que ficar hospedada na cidadezinha teria sido mais proveitoso do que ficar “presa” num resort... faz mais meu estilo! De toda forma, a experiência do resort foi bacana! Não tenho do que reclamar, só não é muito a minha cara!

Varadero Beach Tour, uma boa opção para "fugir" dos resorts e conhecer a cidade de Varadero.

Como eu disse, nossa viagem terminaria em Varadero, mas acrescentamos Cayo Largo no roteiro. Dessa vez, fizemos tudo sozinhas, por conta própria. Mas no nosso roteiro independente também houve a parte boa e a ruim da história...

Começamos mal, perdemos o voo de Varadero pra Cayo Largo! Não por culpa nossa, mas simplesmente porque não estávamos indo por nenhuma agência! Teoricamente nosso voo sairia às 8hs da manhã. Chegamos ao aeroporto de Varadero às 6:45, mas o avião já tinha partido!!!! O negócio é que, não é possível comprar passagens pelo site da cia área, só reservar. E foi o que fizemos. Mas você pode comprar o voo, que inclui o transfer para o aeroporto, nas agências locais. E, como quase todo mundo só vai pra Cayo Largo por agência, quando o transfer com os passageiros chegou e o avião simplesmente saiu. Ao questionarmos a mudança repentina de horário, recebemos, com desleixo, a seguinte resposta: esto es Cuba, chica!

Percebendo nossa perplexidade com a situação, um outro funcionário resolveu nos ajudar. Havia um voo de outra empresa saindo logo em seguida! Ufa.. Então fizemos o pagamento ao próprio funcionário da Cia aérea, ali no meio do saguão mesmo e ele nos deu os tickets! Dessa vez nos demos mal em estar sem agência.

Na chegada à Cayo Largo, outra surpresa. Desembarcamos e não havia nenhum táxi no aeroporto! Ao nos ver ali com uma cara de: E agora?, o guia de uma das agências nos ofereceu “carona” (que foi paga) no ônibus que faria o transfer de todos os outros passageiros. Parece que o voo, comprado pelas agências, inclui não somente o transfer de ida para o aeroporto de Varadero, como também o transfer do aerporto de Cayo Largo para os respectivos hotéis.

Cayo Largo possui apenas 7 hotéis (todos all incluse) e vive exclusivamente em função do turismo. Ninguém mora na ilha, todos os funcionários passam 20 dias lá e 10 em casa. E não existe táxi. Quer dizer, até existe, mas eles não ficam andando pra lá e pra cá, como em qualquer outro lugar do mundo. Pra usar um táxi, é necessário ligar pra uma central. É que, como quase todo mundo vai à ilha por alguma agência, todos os passeios já tem transfer incluído, então é bem raro alguém precisar de táxi.

Veja AQUI as opções de hospedagem em Cayo Largo

Entendido isso, nos viramos super bem em Cayo Largo. Quando queríamos fazer algo, era só pagarmos para ir com o transfer de alguma agência. Chegava a ser engraçado quando dizíamos que não tínhamos ido com nenhuma agência, todos ficavam espantados e nos olhavam como se fossemos Ets!! Pelo jeito, ninguém vai pra lá por conta própria! rs

Eu adorei Cayo Largo! Nosso resort era bem grande, mas bem mais simples que o de Varadero. Acho que até por eu gostei mais de lá! Na verdade, parecia uma vilazinha ou um condomínio de praia com vários prédios baixinhos espalhados num terreno enorme. Dessa vez não tive a sensação de estar num clube chique (que é o que parecem os resorts, né?), mas sim numa cidadezinha praiana. Delícia!

Área do hotel Sol Pelicano

E o melhor, pagamos super barato fazendo a reserva diretamente com o hotel. No site das agências cubanas que vendem os tais pacotes pra Cayo Largo, o hotel estava bem mais caro!!  Ponto pra viagem independente, dessa vez!! No dia de ir embora, pensamos em pedir um táxi para ir ao aeroporto, mas acabamos indo no transfer das agências, assim chegamos ao aeroporto junto com todos os outros passageiros e não tivemos problema algum. Ufa! 

Assim, se for a Cayo Largo, ao invés de reservar o voo no site das cias áereas, talvez seja melhor e mais seguro comprar as passagens pelo site de alguma agência, como a Solways, que é um pouco mais caro, mas oferece transfer in/out e você não corre o risco de perder os voos.  

Por fim, de volta à Havana, ficamos hospedadas na casa de uma família cubana, na Ciudad Vieja. E não poderíamos ter feito escolha melhor. Ficamos na casa do David, um veterinário que aluga quartos para complementar sua renda mensal, é grande, antiga, bem bonita, com quartos enormes e confortáveis! E apesar do jeito meio caladão, ele conversou bastante com a gente, deu várias dicas e respondeu prontamente todas as várias dúvidas que fomos acumulando durante a viagem. Adorei a experiência! Além de ser bem mais barato (pagamos 25 CUCs – R$50,00 para 2 pessoas) que os geralmente caros hotéis de Havana, também gostei de ter ficado hospedada no centro histórico, que é uma graça. É lá que estão os maiores atrativos e restaurantes mais baratos (e também mais bonitinhos) do que em Vedado, bairro residencial e bem mais caro, que ficamos no inicio da viagem (Pra saber mais, leia o post hospedagem em Cuba).

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Plaquinha que identifica as casas de família que alugam quartos em Cuba

Enfim, seja através de uma agência de turismo ou de forma independente, o que importa é que Cuba é um país encantador e vale MUITO a pena ser visitado! O jeito de explorá-lo vai de cada um. O meu, definitivamente, não é através de um pacote. De toda forma, eu curti muito a experiência e recomendo a todos conhecer Cuba, seja lá como for...

E o seu estilo de viagem? Qual é?

Saiba mais sobre Cuba, leia todos os posts do país aqui:

RêVivendo Cuba

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