Hoje é o Dia Internacional da Mulher e, mais uma vez, cá estamos discutindo nosso papel na sociedade. Como aqui falamos de viagem, vou abordar um tempo que, ainda hoje, é tabu: mulheres que viajam sozinhas.
Mas por que, em pleno 2022, uma mulher viajando sozinha ainda é tabu?
A 1ª coisa que me veem à cabeça é o machismo. E não estou falando aqui daquele machismo nu e cru, explícito e propositalmente discriminatório, não! Mas sim de um machismo estrutural, no qual fomos todos criados e vivemos até hoje. Uns mais, outros menos, é bem verdade. Mesmo assim, ninguém passa imune por isso.
MACHISMO ESTRUTURAL
Dito isso, não há como negar que ainda vivemos num mundo bem machista. Se mesmo nós, mulheres, vez ou outra ainda nos deparamos com pensamentos um tanto quanto machistas, imagina então os homens?
Somos julgadas (e julgamos) pelas roupas que usamos, pelos lugares que frequentamos, por nossas profissões, pelos cargos que ocupamos, por nossas atitudes, falas, pensamentos, comportamentos e escolhas que não se encaixam no "padrão". Mas que padrão é esse? Aquele ditado pelo machismo estrutural que estabelece o "papel" da mulher na sociedade.
A boa notícia é que isso vem mudando bastante nos últimos anos, graças a Deus 🙏. A má notícia é que o caminho a ser percorrido ainda é muuuito longo. Mas estamos aqui pra encarar isso, né não?
Mulheres empoderadas, livres, donas de si e de suas histórias, que enfrentam desafios, que encaram o medo e põe a cara à tapa causam estranheza, desconforto e julgamento. Mesmo que a maioria das pessoas não reconheça isso, claro. Portanto, vocês acham mesmo que uma mulher viajando sozinha passaria batido por tudo isso? Claro que não, né?!
MEDO DE VIAJAR SOZINHA?
E também recebo mensagens de mulheres que têm vontade de viajar sozinhas, mas têm medo. "Mas medo de quê?" Eu sempre pergunto. As respostas são as mais diversas possíveis: medo da violência (em todas suas formas), medo da solidão, medo de não ser aceita, de não saber o que fazer, de não saber como agir e até mesmo medo do que os outros vão falar.
Outras vezes a resposta é um "simples" não sei. É tanta coisa envolvida, tantas crenças limitantes, tanto machismo estrutural que a pessoa não consegue nem mesmo explicar, dar nome ao medo, ela só sente! É quase irracional. Esse medo paralisa e nos impede de viver coisas incríveis!
É muito louco pensar em quantas mulheres não conseguem nem ao menos se ver viajando sozinhas. É algo completamente inimaginável pra muitas, algo completamente fora de questão. E isso tem muito a ver com nossa dependência, seja física, financeira ou emocional.
Quantas mulheres não conseguem fazer absolutamente nada sozinhas? E agora estou falando de coisas simples como ir ao cinema, a um restaurante, a um museu, etc. Passar um tempo sozinha mesmo, curtindo a própria cia. Muitas vão simplesmente responder: "ah mas eu não gosto".
E não gosta por que? O que faz essa mulher não gostar, não querer ou até mesmo não poder estar sozinha? Pior ainda, não ser bem vista sozinha? Vocês conseguem perceber que a resposta não é tão simples quanto parece e que o buraco é muuuuito mais embaixo?
Nós mulheres, definitivamente, não fomos criadas pra ser independentes e fazer tudo sozinhas. Por isso, muitas vezes nem nos sentimos capazes disso. E quem age diferente, acaba sendo olhada de forma torta, com preconceito.
A PRIMEIRA VEZ VIAJANDO SOZINHA
Em 2012, eu resolvi visitar uma grande amiga que mora em Nova York. Tínhamos combinado que eu passaria uns dias com ela em NYC e depois nós duas iríamos pra Califórnia. Um mês antes da viagem, ela ficou desempregada e não poderia mais viajar comigo, teria que focar em arrumar outro emprego.
Na hora eu pensei: f#d*%! Isso não estava nos meus planos e eu nunca tinha viajo sozinha! Depois do choque inicial, resolver encarar e mantive os planos de viagem. Mas eu estava bem insegura e tive a "brilhante ideia" de contratar 2 excursõeszinhas pra conhecer alguns lugares que eu queria e estava insegura com relação à logística, especialmente de transporte. Foi o meu maior erro.
As 2 semanas que passei em Nova York foram maravilhosas. Eu ficava sozinha durante o dia, mas à noite e nos finais de semana eu fazia algo com minha amiga.
E então fui pra Los Angeles. Depois de passar uns dias sozinha em Santa Mônica, peguei um tour de 4 dias pra conhecer Las Vegas e o Grand Canyon. E já emendei com outro, também de 4 dias, para os Parques Nacionais Grand Teton e Yellowstone.
Como bióloga e ecoturismóloga, o Yellowstone era um grande sonho. E é realmente um lugar incrível, assim como o Grand Teton e o Grand Canyon também! Amei estar lá, mas odiei estar num tour engessado, ainda mais com um monte de desconhecidos estranhos, a maioria deles chineses.
Sei que essas excursões funcionam pra muita gente. Pra mim não. Na real, eu nunca gostei. Não sei como achei que poderia ser uma boa ideia dessa vez. Provavelmente foi pelo medo do desconhecido, especialmente por estar sozinha. Mas, definitivamente, não deu certo.
APRENDENDO A VIAJAR SOZINHA
Sempre gostei de fazer as coisas do meu jeito e no meu tempo. Essa, pra mim, é a maior vantagem de viajar sozinha.
Eu digo que viajar sozinha é um aprendizado. Nem sempre você vai gostar de cara. Mas insista, você não vai se arrepender. Aprenda com os erros e vá adaptando as coisas, vendo o que dava certo ou não PRA VOCÊ. O que funciona pra uns, pode não funcionar pra outros... como o caso das excursões pra mim.
Eu curti bastante minha 1ª viagem sozinha, mas não amei! Nem sempre me senti totalmente à vontade de estar sozinha. Sentia falta de companhia e me sentia entediada nos quartos de hotel.
Tanto que depois disso, eu passei a dar preferência pra ficar hospedada em hostel quando viajo sozinha. E pra quem não gosta e/ou tem preconceito em dividir quarto com desconhecidos, saiba que existem quartos privativos nos hostels também.
A estrutura dos hostels, geralmente com vários lugares pra interação, às vezes até restaurantes e bares, é excelente pra quem está sozinho. Eu, por exemplo, gosto de sentar no bar do hostel e comer e/ou beber sozinha lá. Fico vendo o movimento, mexendo nas redes sociais, vendo fotos, planejando o próximo dia. Mesmo sozinha, como estou no meio do movimento, não me sinto sozinha. E também é um ótimo lugar pra interagir com outros hóspedes.
Além dos tours pra explorar a cidade. Peraí, tours? Sim! Nem sempre dá pra fugir deles. Mas o esquema é completamente diferente. Além de serem tours mais curtos e específicos, o público também é diferente.
Bom, depois dessa minha 1ª viagem solo, eu voltei, já no ano seguinte, pra Nova York. Passei uns dias lá pra matar as saudades e depois fui para o Canadá, onde passei 11 dias entre Toronto, Niagara Falls, Montreal e Quebec City.
Foi uma experiência bem diferente da primeira. Dessa vez, fiz tudo sozinha e por conta própria. Foi ótimo! Me senti muito mais à vontade de estar sozinha e adorei fazer as coisas do jeito do meu jeito, na hora que eu queria, gastando o tempo que eu bem entendesse. Libertador!
Depois de 15 dias viajando sozinha, fui para o México encontrar CINCO amigas. E o engraçado é que estranhei muito nos primeiros dias. Viajar com amigas é ótimo! Mas a coisa de esperar todo mundo ficar pronto pra sair, ter que achar um horário e um lugar onde todos queiram comer, um horário pra todos acordarem, visitar um museu ou outra atração qualquer e ter que "correr" porque os outros estão te esperando ou ficar esperando os outros, é a parte mais chata de viajar acompanhada.
Quando a gente está sozinha, a gente faz tudo que a gente quer e do jeito que dá na telha. Foi num museu e não gostou, vai embora. Gostou muito? Passa o dia todo lá. Não quer ir no museu da moda? Não vai! Quer dormir até meio dia? Dorme! Quer madrugar, andar o dia inteiro e só comer besteira! Quer esbanjar num restaurante caro? Esbanje! Você não deve satisfação a absolutamente ninguém!
VIAJAR SOZINHA É UM DESAFIO CONSTANTE
Não é porque você viajou sozinha uma, duas ou dez vezes, que você vai sempre tirar de letra. Lógico que vai se sentir muito mais confortável e tranquila. Mas sempre podem surgir novos desafios. E essa é a graça da coisa!
Lembro que, quando fui pro Reino Unido, em 2018, eu queria muito alugar um carro pra explorar melhor a Irlanda e o País de Gales, mas o medo bateu. Eu já tinha viajado sozinha muitas vezes, já tinha alugado carro no exterior várias vezes (mas sempre acompanhada), já tinha até dirigido na mão inglesa na África do Sul.
Mas, dessa vez eu estaria sozinha e fiquei insegura. "E se acontecer alguma coisa? E se um pneu furar? E se eu não souber abastecer o carro (em muitos lugares da Europa, não existe frentista nos postos de gasolina)? E se eu der manota dirigindo na mão inglesa?"
Eu estava cheia dos "e ses" me atormentando. E o que me tirou desse turbilhão foi uma amiga que disse: "Você dirige sozinha aqui, não dirige? E se alguma coisa acontecer, você faz o que?" Respondi: "se não puder resolver, eu peço ajuda". Então, ela rebateu: "Então, faça o mesmo lá. Peça ajuda. Ligue pro seguro do carro. Se vira, oras". E não é que é mesmo? rs Pronto, já estava convencida! Com medo ainda, mas disposta a encarar.
E quer saber? Foi uma experiência ma-ra-vi-lho-sa! No início, fiquei muito tensa. Dirigia dura, mal respirava. Depois de um tempo eu fui relaxando e comecei a curtir a estrada. Coloquei um U2 no som do carro e quase chorei de emoção por estar ali, encarando meu medo, me permitindo viver aquele momento, vendo paisagens belíssimas pela janela com a trilha sonora da minha banda favorita da adolescência e no país natal deles!!! Foi simplesmente demais!
Dirigir sozinha, na mão inglesa, com trilha sonora do U2 pelas belas estradas do sul da Irlanda, com o medo dominado, a adrenalina correndo nas veias e um sorriso enorme no rosto, será sempre uma das minhas melhores memórias de viagem!
Depois disso, eu estava super tranquila ao alugar outro carro no País de Gales, nessa mesma viagem. E, no ano seguinte, nem titubeei ao planejar alugar um carro pra explorar melhor o interior da Bulgária e da Romênia. Conheci lugares incríveis nesses países, que sem carro não seria possível!
A ESCOLHA DE VIAJAR SOZINHA
É por isso que eu sempre digo: não podemos deixar o medo nos dominar. Nós é que precisamos dominar o medo, fazer com que ele diminua a um ponto no qual possamos lidar com ele. Se der medo, vai com medo mesmo!
Cada vez que viajo sozinha, vou entendendo melhor como a coisa funciona pra mim, me adaptando, aceitando novos desafios, vivendo novas aventuras e tomando cada vez mais gosto por todo o processo.
A cada viagem que faço, eu ouço coisas do tipo: "nossa, como você é corajosa"; "você é louca"; "eu não teria coragem", "eu jamais conseguiria"; "eu não consigo me imaginar nessa situação". Algumas dessas frases até soam como elogio e admiração, mas muitas vêm como crítica, julgamento e, às vezes, até mesmo um pouco de inveja, desdém e até mesmo pena. Sim, pena!
Apesar de muitas pessoas enxergarem as mulheres que viajam sozinhas como corajosas, independentes e tal. Algumas outras veem essas mulheres como coitadinhas, como largadas, sem amigos. É muita ignorância!
Eu amo viajar com minhas amigas, com meu namorado, mas também gosto muito de viajar sozinha. São viagens completamente diferentes, cada uma tem seus prós e contras. E cabe a nós, e a ninguém mais, fazer nossas próprias escolhas. Feliz é a mulher que consegue provar de todos os tipos de viagens e aproveitar o melhor de cada um deles.
Porque viajar sozinha é UMA ESCOLHA. E não falta de opção como alguns pensam. É um ato de liberdade, de auto conhecimento, de amor próprio. Isso, definitivamente, não é pra todos. Mas você só vai saber se tentar.
Tá esperando o que então, mulher? Bora lá! Bora viajar sozinha! Bora viver! Bora ser feliz! Bora sem mulher em todos os seus sentidos possíveis! E lembre-se sempre: lugar de mulher é onde ela bem quiser!!!
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Tenho este sonho
ResponderExcluirBora realizar esse sonho então, mulher :)
ExcluirEi Renata! Já viajei sozinha em alguns lugares no Brasil. Agora estou querendo me preparar para uma viagem só pra fora. Seu artigo foi muito encorajador. Parabéns pela iniciativa!
ResponderExcluirOi Rosilaine, que ótimo! Muito obrigada! Isso mesmo, se prepara direitinho e vá! Aproveite ao máximo essa experiência! Boas viagens!
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